BRASIL
A tragédia do Museu Nacional reacende as discussões sobre preservação cultural
Teria sido o incêndio do Museu Nacional, do Rio de Janeiro, acontecido em 2 de setembro de 2018, a maior tragédia cultural já acontecida no Brasil? Para o professor de jornalismo Christian Schwartz, sim: “Eu acho que a destruição do Museu Nacional devia ser um divisor de águas para que as políticas públicas fossem mais priorizadas”. Longe de ser acaso, a tragédia era prevista ainda em 2004, pelo Secretário de Energia, Indústria Naval e Petróleo do Rio de Janeiro, Wagner Victer, quando denunciou os problemas do Museu Nacional, em entrevista à Agência Brasil. Pela grande carga cultural e histórica armazenada no museu - acervos de arqueologia, paleontologia, arqueologia e invertebrados - a queima significou uma profunda perda da história nacional.
Entrevista Christian Schwartz
Entrevista: Ítalo Sasso
Imagens: Amanda Duarte
Lucas Basilio
Jornalismo Universidade Positivo
Incêndios Em Patrimônios Históricos
Reportagem Crianças nos museus
Reportagem: Gabriele Bonat
Imagens: Amanda Duarte
Importância das crianças irem aos museus
Ir ao museu é uma forma de as escolas proporcionarem um novo método de estudo de história aos alunos. Entre as vantagens, fica claro que visitar os museus é uma maneira interativa de se aprender, saindo do convencional estudo em salas de aula.
Ana Paula Peters contou uma experiência pessoal de quando foi para Nápoles, na Itália, em uma exposição sobre a origem dos deuses a partir do filme Star Wars. Ela conta que somente conseguiu chegar no final da exposição, com o filho, por haver uma associação dos deuses gregos e das batalhas a Star Wars. Essa aproximação com a realidade de uma criança pode ser o responsável pelo aumento da curiosidade e do aprendizado sobre o passado.
Gabriele Bonat
Jornalismo Universidade Positivo
Por que um jovem, no século 21, deve ir ao museu?
Comumente se ouve falar que o celular se tornou um vício na vida dos jovens. Será que a facilidade de acesso e aprendizado, diminuem a frequência com a qual os jovens vão aos museus? Indo um pouco contra as pesquisas atuais que criticam o uso exagerado dos smartphones, Ana Paula Peters, defende que os aparelhos celulares e a internet podem ser usados como complemento de estudo. “Não preciso viajar para visitar esses museus, eu consigo fazer essas viagens pelos museus e por outras culturas através da internet”.
Lucas Basilio
Jornalismo Universidade Positivo
Johan Gaissler, 21 anos
"Os museus misturam passado, presente e futuro. O passado é importante para entender o que é e o que será vivido. Por isso o jovem deve ir ao museu porque é um modo de visitar a história e a arte na prática, compreender as mais diversas situações e, ainda cedo ter este contato para a construção de uma sociedade melhor."
Rhanna Sarot, 18 anos
"O museu é o lugar onde todas as histórias são colocadas em prática. É a união do objeto à sua vida, o que faz do museu o local mais direto para se conhecer cada pedacinho de história, dos mais variados lugares no mundo"
Victória Sampaio, 18 anos
"O jovem deve ir ao museu para conhecer a história da humanidade, para conhecer sua própria história. O museu é um lugar onde mostra tudo sobre o ser humano, desde sua cultura, costumes, hábitos, formas de expressão até pensamentos de cada época."
Entrevista Marcos Araújo
Entrevista: Lucas Vasconcelos Mie Anbai
Imagens: Lucas Vasconcelos e Mie Anbai
Museus como recorte da sociedade
O Museu pode ser considerado um lugar de organização de uma visão de cultura e, por isso, tem um papel importante no desenvolvimento da educação de uma sociedade. É o local que recebe objetos que servem para que um povo consiga observar como a humidade é representada em cada momento histórico. O que existe de arte e de cultura material recortado e selecionado para refletir a sociedade. É dessa forma, que o professor de História da Arte, Marcos Araújo, compreende a relevância dos museus.
E a importância perpassa a economia das cidades, segundo o pesquisador, porque um turista que visita um museu, além de consumir comprando dos comerciantes locais, pode levar um pouco daquela cultura para a sua cidade de origem. "Quem compra um guarda-chuva do Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, por exemplo, propaga a imagem dele para o mundo". E a economia local ganha com isso. "Se cada cidade tivesse um museu, atrairia visitantes por mais dias, consumindo. As cidades que vivem de cultura, ganham muito", explica Araújo.
Sandra Nodari
Professora e Membro do NDE do
curso de Jornalismo da Universidade Positivo (UP)
Você sabia que os museus mais visitados no Brasil têm entrada gratuita?
Segundo o Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), 6 em cada 10 dos museus mais visitados em 2017, são gratuitos. A maioria dos centros culturais tem muitas visitações, sendo assim, acabam impactando na economia brasileira. Espaços de café e refeição podem atrair muitos visitantes. Além disso, pode-se comprar lembrancinhas que ativem as memórias afetivas da visita.
“O impacto do museu no turismo não está apenas na visita, você quer levar um pedaço daquele lugar para reativar suas memórias”, disse Ana Paula Peters, museóloga e professora de artes na UNESPAR, sobre como os centros culturais podem impactar no turismo e na economia.
Gabriele Bonat
Jornalismo Universidade Positivo
Entrevista Ana Paula Peters
Entrevista: Gabriele Bonat
Imagens: Lucas Basilio
Reportagem Exposição Quilombola
Reportagem: Talita Marchiori
Imagens: Amanda Duarte, Ítalo Sasso e Paulo Sauandaj
Edição: Ana Hudzinski e Sandra Nodari
Exposição Quilombola
As exposições itinerantes não seriam formas de levar objetos artísticos, que fazem parte dos acervos dos museus, a populações que não tem acesso à cultura? O Grupo de Estudos sobre Populações Tradicionais da Universidade Positivo pesquisa mulheres das comunidades remanescentes quilombolas da cidade histórica da Lapa, que fica próximo a Curitiba. "A intenção do grupo é preservar memórias e fortalecer a cultura quilombola" é o que explica a professora Isabelle Neri Vicentini.
A dissertação de mestrado dela resultou em uma exposição fotográfica itinerante que estreou no Campus Santos Andrade e foi levada a escolas e comunidades pelo interior do Estado do Paraná discutindo a problemática ambiental e preservando a cultura quilombola. As fotos da exposição foram impressas em tecidos como opção para poder levar as imagens para qualquer espaço. As personagens das fotos, mulheres que descendem de povos escravizados, demonstram a relevância do feminino nas comunidades.
Sandra Nodari
Professora e Membro do NDE do
curso de Jornalismo da Universidade Positivo (UP)
Você sabia que os padrões na arte sempre existiam?
"As discussões sobre gênero tiveram espaço na academia e na sociedade a partir dos anos de 1960, na chamada segunda onda do feminismo. E os padrões de arte sofreram transformações, também, porque são interligados com as questões de gênero". As esculturas clássicas, por exemplo, não eram feitas a partir de pessoas reais, e, sim, de padrões que não eram somente físicos, mas morais, diz a professora de História da Arte Nicole Lima. “O corpo na arte já não era um corpo que pertencia ao indivíduo mas um corpo que pertencia a sociedade”, evidencia Nicole. A discussão do corpo feminino só começou a ser debatido a partir do momento que as mulheres entraram na arte, comenta Nicole. E é nos museus onde as sociedades conseguem ter acesso a essas transformações pelas quais a representação dos corpos vai passando ao longo dos séculos.
Lucas Basilio
Jornalismo Universidade Positivo